quarta-feira, 4 de março de 2009

POR QUE O EXISTENCIALISMO DÁ TANTA IMPORTÂNCIA AO INDIVÍDUO?

Por Lislaine da Costa Carneiro

Com o surgimento das Grandes Guerras, a humanidade passou por um processo de profundas mudanças que influenciaram fortemente os grandes pensadores dos séculos XIX e XX.

Partindo do existencialismo, surge a ‘supervalorização’ dos ideais concernentes aos indivíduos, como a liberdade, responsabilidade e subjetividade, afirmando que a natureza do homem é humana, e não divina como acreditam os cristãos. Para os filósofos adeptos ao existencialismo, o homem ao nascer, ainda não está definido, é somente com a sua existência, que aos poucos, vai se tornando homem.
Com esse “poder de escolha” (liberdade), acarretam-se uma série de fatores que envolvem os valores humanos, pois a vida é uma série de escolhas que devemos sabiamente, ou não tomar. É aí que entra a tal da responsabilidade, dando razão ao famoso ditame popular: “cada um é responsável por seus atos”. Cabe somente ao homem, criar o próprio homem, sendo ele o responsável pelo resultado de sua invenção. Partindo dessa afirmação, Sartre diz:
O existencialismo declara frequentemente que o homem é angústia. Tal afirmação significa o seguinte: o homem que se engana e que se dá conta de que ele não é apenas aquele que escolheu ser, mas, também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua profunda e total responsabilidade. (SARTRE, 1987, p. 7)
A angústia citada no trecho acima, está umbilicalmente ligada à liberdade e a responsabilidade. A partir do momento em que o homem escolhe suas próprias decisões, se torna unicamente o responsável por elas. E essa angústia, é nada mais que o resultado (sentimento) do peso da responsabilidade (escolha). Com isso, o ser humano se encontra solitário, diante das diversidades que o rodeia, não podendo contar com ninguém, se não, com ele, caindo assim, no total desamparo.
Sartre ao afirmar que “somos nós mesmos que escolhemos nosso ser” (SARTRE, 1987, p. 12), suscita um novo tipo de sentimento, o desespero, pois como não existem verdades prontas, a insegurança toma conta das pessoas interferindo na vontade de agir por conta própria, interferindo no livre arbítrio dos indivíduos, pois o homem é fruto de suas próprias ações.
Partindo dessas premissas, o existencialismo está voltado inteiramente ao homem, dando um sentido à sua existência, incutindo-lhe valores e responsabilidades, gerando assim, a idéia de que qualquer ato ou ação humana, assim como suas consequências, depende exclusivamente dele, ou seja de sua existência.


REFERÊNCIAS

SERIGHELLI, V. O existencialismo e a figura de Sartre.

SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. 3º Ed. São Paulo, Nova Cultural, 1987.

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