quarta-feira, 4 de março de 2009

FEMINISMO

Por Lislaine da Costa Carneiro

O feminismo é um movimento social, que visa o resgate da verdadeira identidade feminina, inserindo-a ativamente na sociedade, defendendo o direito e igualdades entre os sexos.
Desde a antiguidade a mulher era tratada como um ser inferior ao homem, não passando de um mero objeto para usufruto masculino, seu único e afortunado papel era apenas o “reprodutivo” com o intuito de gerar o maior número de filhos possíveis. “A mulher não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo àquilo que era diretamente ligado à subsistência do homem”.
A mulher grega não tinha acesso à formação intelectual, desde pequenas eram treinadas para a vida doméstica. Os casamentos, por sua vez, eram tratados como um negócio em que há uma mercadoria e um comprador. Muitas mulheres eram vendidas para seu futuro marido, estando ameaçadas de serem trocadas caso não satisfizessem as exigências de seu dono. Elas não possuíam direito algum sobre si próprio, e ainda assim deveriam submeter-se aos desejos e ordens do esposo, recebendo em troca de seus serviços casa, comida e proteção, asseguradas da antiquíssima crença de que o homem é o mais forte, portanto ele é o provedor e quem tem a autoridade máxima entre o casal.
Em Roma, também predominava a ideologia de que as mulheres eram inferiores aos homens, tendo que prestar legalmente essa “submissão” a outrem do sexo masculino, podendo ser seu pai, filho, irmão ou mesmo um tutor.
Durante a idade média, muitas mulheres sofreram terríveis consequências pelo simples fato de pertencerem ao sexo feminino. Elas continuavam dependentes dos homens e ainda consideradas inferiores em relação a eles.
A imagem feminina nessa época estava ligada à sensibilidade, fragilidade e luxúria. A própria igreja reforçava ainda mais esse tipo de pensamento, alguns teólogos chegavam a afirmar que as mulheres estariam relacionadas ao diabo, sendo seres desprovidos de alma e consideradas fonte inesgotável de pecado, servindo apenas como um medidor de fé para o homem. Elas são a s armadilhas que tentam o homem, incitando-o a pecar.
Eva foi a responsável pela queda do homem, sendo considerada, portanto ,a instigadora do mal. Esse estigma, que se propaga por todo o sexo feminino, vem a se traduzir na perseguição implacável ao corpo da mulher, tido como fonte de maléficos.
Com o monopólio do poder sobre o pensamento da sociedade pertencente à Idade Média, pela Igreja Católica, e a ação das grandes massas populares, muitas foram assassinadas cruelmente sob acusação de praticarem feitiçaria. Quando na verdade, possuíam apenas o conhecimento popular sobre as ervas naturais que julgavam curar certos males.
As perseguições às “bruxas” tinham como principal objetivo atingir diretamente o sexo feminino independente da condição social a que pertencia a herege. E consequentemente auto-afirmar o poder da Igreja, reprimindo ideias contrárias a esta, reforçando ainda mais,a inferioridade feminina em ralação ao sexo masculino.
Na alta idade Média, com o surgimento do feudalismo como sistema econômico vigente, surgiram nas oficinas dos feudos, as artesãs que trabalhavam nas fazendas fabricando os mais variados tipos de produtos considerados “viáveis” ao sexo feminino, como o tecido e o sabão. Mesmo assim, elas ainda viviam em confinamento doméstico, sendo ainda proibidas de desempenhar quaisquer atividades julgadas não compatíveis ao seu sexo.
A opinião e serviço desempenhado por essas trabalhadoras não eram valorizados perante os demais. Pois, a desvalorização do trabalho feminino, foi traduzida na atribuição de menor pagamento à mão de obra-feminia à masculina.
Em 1601 surgem as primeiras manifestações em prol do sexo feminino, com a publicação da obra A nobreza e a excelência da mulher, de Lucrécia Marinelli,, na qual defendia-se a igualdade entre todos na sociedade. Além de Moderata Fonte, Cristiane de Pisan também se manifestou defendendo o mesmo objetivo através da obra Cidade das Mulheres a qual não conseguiu defender o propósito da igualdade entre todos da sociedade, pois o livro não passava de vozes isoladas frente a uma sociedade machista, preconceituosa e temperamental.
Nem mesmo com a chegada do Iluminismo, marcando o período do predomínio da razão, com seu princípio de que os seres humanos deveriam ser considerados em sua personalidade, como seres individuais e não apenas como parte de um todo, a mulher conseguiu interagir livremente junto a sociedade, pois seus principais percussores como Kant, Montesquieu e Rousseau viam-na de acordo com como pessoas dotadas de uma razão inferior ou até mesmo, irracionais.
Essa crença de inferioridade era oriunda de sua natureza frágil devido à sensibilidade acentuada, intuição e imaginação. Por isso, jamais conseguiriam atingir o mesmo grau intelectual dos homens.
Foram muitos os séculos de opressão ao sexo feminino, sendo que entre eles, poucas mulheres manifestaram-se efetivo interesse na luta por seus direitos. Foi na França que o movimento feminista se consolidou, assumindo um discurso próprio, firmando a especificidade da luta da mulher. O silêncio predominante até então, é, finalmente rompido, com as mulheres se dirigindo às assembleias, reivindicando por mudanças no que diz respeito aos seus interesses. Nessa época, Olympe de Gouges publica a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã propondo em sua obra igualdade entre todos, incluindo homens e mulheres. Logo após sua publicação, as mulheres no geral sofreram grande repressão, pois tal obra fora considerada portadora de más intenções perante o parlamento francês. Foi nesse período que surgiram as famosas “ativistas”, mulheres que lutavam em prol dos direitos femininos indo contra a qualquer tipo de repressão e pensamentos até então predominantemente masculinos, que davam ao homem “direitos” sobre a mulher, como se ela não passasse de um mero objeto. Entre os principais objetivos das ativistas estava o de clarear as mentes femininas revelando-lhes a realidade machista a que vinham se submetendo há séculos, para isso, elas se organizavam em grupos e distribuíam folhetins com preciosas informações sobre a igualdade de direitos entre os dois sexos.
O trabalho das ativistas juntamente com o surgimento e fortalecimento do Capitalismo, como sistema econômico vigente da época, propagaram-se profundas mudanças no sistema social, político e econômico da sociedade europeia. A mulher ganha mais espaço, embora o pensamento ainda seja o mesmo. Devido à necessidade de mão-de-obra nas fábricas, os homens são obrigados a cederem espaço para as mulheres que passam a engajar-se no sistema econômico da época , trabalhando nas fábricas de produção.
Mesmo mostrando capacidade e aptidão para o trabalho duro, a mentalidade ainda continuava a mesma, elas eram vistas como seres inferiores, fracas, frágeis e, portanto dignas de salários menores que os recebidos pelos mesmos serviços realizados por alguém do sexo masculino.
A explicação para essa diferença de salário era a de que as mulheres provavelmente possuíam alguém, um homem, responsável por seu sustento. Porém, muitas dessas mulheres sustentavam sozinhas suas numerosas famílias com seu baixo salário, pois um grande número delas já eram viúvas, mães solteiras ou tinham seus maridos desempregados.
Terríveis violências contra seu sexo, como assédio e abusos sexuais da parte de seus patrões, eram comuns. Na tentativa de reverter esse quadro, não aceitando as miseráveis condições a que eram submetidas nas fábricas, algumas dessas mulheres se organizavam em pequenos grupos denominados revolucionários, com intuito de melhorar as condições dos trabalhadores de modo geral. O dia 08 de março, depois proclamado Dia Internacional da mulher, faz parte desta história e luta.
Com o surgimento da Primeira Guerra Mundial, valorizou-se ainda mais o papel da mulher no que se diz respeito ao mercado de trabalho, pois muitos dos homens partiram para a guerra, deixando seus lares nas mãos de esposas e filhas. Somente assim as mulheres conseguiram, temporariamente, mais espaço.
Com o fim da Guerra e retorno dos homens, as mulheres mais uma vez foram relegadas a um segundo plano, pois seus serviços já não eram mais necessários. Há também, a retomada daquela “velha ideia” de que a mulher deveria possuir um espaço menor na sociedade em relação aos homens. (inferioridade dos sexos), voltando então ao mesmo ponto de partida.
Após esse breve momento de uma suposta liberdade, várias mulheres começaram a se rebelar contra o sistema de uma maneira organizada, estudando com profundidade a causa feminina, e o que deveriam fazer para romper com os paradigmas pré-estabelecidos que as mantinham aprisionadas ao poder machista. Uma das maiores conquistas relacionadas a essa eterna luta, foi o direito ao voto, onde milhares de mulheres se sensibilizaram, tornando essa luta um dos maiores movimentos políticos de massa, de maior significação no século XX.
Buscando por esse horizonte de liberdade feminina que escritoras e estudiosas do sexo feminino, conhecidas como ‘feministas’ adotam a ideologia que legitima a diferenciação entre o papel masculino e feminino, reivindicando por igualdade em todos os níveis, dentro e fora de casa.
A menina, que desde a tenra idade, aprende a ser doce, meiga, sensível, obediente e comportada não teria mais a obrigação deste aprendizado, bem como o menino não teria de começara agir desde criança com o senso de competição e agressão aguçadas. Cada um dos representantes dos sexos masculino e feminino agiria conforme sua natureza e racionalidade próprias, essa é uma das principais ideologias do movimento feminista.
No âmbito profissional o movimento feminista tem colocado como bandeira de luta: -- para funções iguais, direitos iguais; igualdades de oportunidades no aceso ao mercado de trabalho a à ascensão a e aprimoramento profissional.
Atualmente, as adeptas do feminismo, possuem uma nova tática de luta, a reflexão. Cujo principal objetivo é conscientizar as mulheres de seus direitos, oferecendo suporte àquelas que sofrem de violência ou opressão doméstica, não deixando que elas fiquem caladas e passivas diante o sexo oposto, além de enclausuradas dentro de seu próprio sexo,. Afinal, somos seres humanos dotados de razão e personalidade independentemente da natureza (sexo).


REFERÊNCIAS:

AUAD, Daniela. Feminismo, que história é essa. São Paulo: ed. DP&A, 2003.

Um comentário:

  1. Olá mulher, curti teu blog. Dê uma passada no meu ai nos comunicamos.


    www.tpmfemme.blogspot.com


    abraços de resistência!

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