terça-feira, 10 de março de 2009

MULHERES QUE FIZERAM A DIFERENÇA

Semana passada, comemoramos o dia Internacional da Mulher, então, não posso deixar de falar sobre as mulheres no qual me inspiro e admiro. Mulheres corajosas, Mulheres ousadas, Mulheres decididas, Mulheres que amaram, Mulheres que lutaram em seu tempo e espaço, em busca da inserção feminina na sociedade.


Simone Beavouir


Escritora francesa e feminista, Simone De Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908, e faleceu a 14 de abril de 1986, em Paris. Participante do grupo de escritores filósofos que deram uma transcrição literária dos temas do Existencialismo, ela é conhecida primeiramente por seu tratado Le Deuxième Sexe (1949 - O Segundo Sexo), um apelo intelectual e apaixonado pela abolição do que ela chamou o mito do "eterno feminino". Esta notável obra tornou-se um clássico da literatura feminista. Fonte: (http://www.cobra.pages.nom.br/ft-beauvoir.html).




Virgínia Woolf

A escritora Virginia Woolf evoca desde logo a essência da tragédia. Sentindo-se incapaz de controlar a vida, preferiu a morte, afogando-se num rio com os bolsos repletos de pedras. E no entanto, aparentemente, ela desfrutava das condições que considerava essenciais para uma mulher se afirmar como escritora, advogadas no seu ensaio “Um Quarto que seja Seu” – dispor de espaço, físico e psicológico e de dinheiro suficiente para se bastar a si própria. Inserindo-se na impressionante cadeia de mulheres inglesas, nascidas a partir de 1800, que produziram literatura, a obra desta escritora é sempre classificada como sendo das mais inovadoras e estimulantes, quer entre as mulheres autoras, quer entre o conjunto dos criadores de ambos os sexos. Reconhecida em vida, apoiada pelo seu marido, igualmente escritor, Leonard Woolf, Virginia produziu nove romances, duas biografias, sete volumes de ensaios, vinte e seis cadernos de diários e um sem número de cartas. Nasceu numa família que estimulou os seus talentos mas teria sido objecto, na infância, de abuso sexual por parte dos seus meio-irmãos mais velhos. Estas circunstâncias, aliadas a lutos familiares (a mãe morreu quando ela tinha 13 anos) e aos horrores de duas guerras mundiais, têm servido aos seus numerosos biógrafos e estudiosos para explicar as muitas depressões de que sofreu e as tentativas de suicídio que realizou até ao encontro definitivo com a morte. Os violentos tratamentos médicos a que foi submetida num hospício para “mulheres loucas”, que passavam por absoluto isolamento, proibição de qualquer actividade, incluindo a leitura e a escrita, com o conluio bem intencionado de seu marido e irmã, também teriam tido efeitos nefastos. Seu marido decidiu no início do casamento, aparentemente harmonioso, que ela não tinha resistência para ser mãe, o que Virginia Woolf sentiu como uma fragilização da sua identidade. Neste quadro se situam as suas reflexões sobre a condição feminina publicadas em 1929, onde nos conduz eruditamente de ideia em ideia, com lógica, com aparente leveza, com ironia. Inventa uma irmã para Shakespeare, a qual nunca poderia Ter sido escritora pelo mero facto de ser mulher. Verbaliza com 50 anos de antecedência muitas das questões retomadas no final do século XX e até ao presente. Fonte: (http://www.leme.pt/biografias/reinounido/letras/virginia.html).


Sylvia Plath


A fama de Sylvia Plath como escritora está irremediavelmente ligada à repercussão do seu suicídio. Os poemas mais conhecidos estão no livro Ariel, publicado dois anos depois de sua morte

e foram, na maioria, escritos nos seus últimos meses de vida. Durante o final da década de 50, Sylvia Plath era considerada uma escritora completa, porém alternativa, vivendo à sombra do talento do marido, o poeta inglês Ted Hughes. Escreveu um romance angustiado, The bell jar (1963), publicado sob pseudônimo, dias antes de morrer. Poucos, com certeza, teriam adivinhado que seria capaz de produzir poemas de tamanha força como os últimos que escreveu, combinando desespero enfurecido e altíssimo nível técnico literário.
Seus poemas são atormentados e profundamente inteligentes. Por expressar raiva e dirigi-los praticamente contra os homens, como em Daddy (Papaizinho), Plath foi canonizada pelas feministas durante as décadas de 70 e 80, que usaram indevidamente sua obra para suscitar polêmicas. Quando esse fanatismo passou, pôde-se perceber que sua poesia era realmente única, dotada de um misterioso jorro de eloquência poética. Fonte: (http://br.geocities.com/edterranova/sylvia2.htm)


OS MANEQUINS DE MUNIQUE

A perfeição é horrível, ela não pode ter filhos.
Fria como o hálito da neve, ela tapa o útero

Onde os teixos inflam como hidras,
A árvore da vida e a árvore da vida.

Desprendendo suas luas, mês após mês,
sem nenhum objetivo.

O jorro de sangue é o jorro do amor,
O sacrifício absoluto.

Quer dizer: mais nenhum ídolo, só eu
Eu e você.

Assim, com sua beleza sulfúrica, com seus
sorrisos

Esses manequins se inclinam esta noite
Em Munique, necrotério entre Roma e Paris,

Nus e carecas em seus casacos de pele,
Pirulitos de laranja com hastes de prata

Insuportáveis, sem cérebro.
A neve pinga seus pedaços de escuridão.

Ninguém por perto. Nos hotéis
Mãos vão abrir portas e deixar

Sapatos no chão para uma mão de graxa
Onde dedos largos vão entrar amanhã.

Ah, essas domésticas janelas,
As rendinhas de bebê, as folhas verdes de confeito,

Os alemães dormindo, espessos, no seu insondável desprezo.
E nos ganchos, os telefones pretos

Cintilando
Cintilando e digerindo

A mudez. A neve não tem voz.




Florbela Espanca


Batizada Flor Bela Lobo, Florbela Espanca foi uma das primeiras feministas de Portugal e escreveu uma poesia carregada de erotismo e feminilidade, que alguns críticos encaram como um dom-juanismo no feminino. O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo de felicidade são a temática presente em muitas das suas imagens e poemas.

Parte de sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta, e sofrimentos íntimos provocados pela rejeição paterna. Seu primeiro poema foi escrito em 1903: "A Vida e a Morte". (http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u439.jhtm)




Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

quinta-feira, 5 de março de 2009

A CURIOSA LIBERDADE´

Por Vilmar Serighelli

Algumas coisas curiosas e engraçadas acontecem em nossas vidas e ao nosso redor. Uma delas, por exemplo, é a eterna busca do ser humano pela liberdade. Hasteiam-se bandeiras em seu nome, luta-se, morre-se e mata-se por esse dito direito “inalienável” do ser. Mas o que será essa tal de liberdade que tanto almejamos para cada um de nós? Será que TODOS queremos dizer a mesma coisa quando nos referimos a ela? Na realidade essas e outras tantas perguntas são mais capciosas do que aparentam ser.
Para aguçar a nossa imaginação e ser válida a reflexão em torno do termo, penso ser interessante olharmos o que nos diz um dos mais conhecidos Dicionário da Língua Portuguesa, do Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, onde a palavra “liberdade”, por si só, apresenta onze significados enumerados, sem contar com as diversas expressões das quais fazem parte. É bom, também, não esquecer que alguns desses significados são bastante contraditórios entre si e que para colocar mais água na fervura, tais contradições parecem ser necessárias. Por exemplo, a “Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação” essa definição nos parece bastante atraente e seria de certa forma, bastante confortável, mas pessoalmente não gostaria que uma pessoa que me desejasse algum mal tivesse tamanha liberdade, você não acha?
A solução para esse mal “estar”, (solução para esse “mal”) está no próprio dicionário, com outro significado: “Poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas”, ou ainda na seguinte definição: “Faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei”.
Diante do exposto acima, parece ser evidente a necessidade de limitar a prática dessa liberdade para conseguirmos sobreviver em sociedade, que é a base para podermos EXERCER o direito de sermos livres. Isso, não chega a ser contraditório e cômico? Talvez! É triste vermos que não podemos ser inteiramente livres por não sabermos sequer lidar com a liberdade total. O pior ainda é não sabermos ao certo que tipo de liberdade se aplica a cada momento de nossas vidas.
Diante da conduta social e desordeira de uma pequena minoria (pois temos a absoluta certeza de que a maioria das pessoas neste país são pessoas de bem), é a forma de expressão dessa liberdade. Em sala de aula, quando se interroga qualquer aluno sobre o significado de liberdade, invariavelmente a resposta seria mais ou menos a seguinte: “é o direito de ir e vir, de onde quer que seja, para qualquer lugar, sem restrições”. Por mais incrível que pareça, ao dar essa resposta, normalmente, eles se achariam tranqüilos, como se tivesse esgotado o assunto!
Porém, ao levarmos o assunto adiante, indagando-os, se eles gostariam de conhecer, por exemplo, a França, certamente obteríamos um almejado “sim”. Mas, se os indagarmos sobre o motivo pela qual não visitaram esse país, receberíamos uma acanhada resposta, dizendo que não teriam dinheiro para tanto. Podemos então concluir: quem não tem dinheiro não é livre? Qualquer um tem a liberdade de escolher se visitará Tóquio, Dublin ou Paris, mas não a liberdade de optar por visitá-las, a menos que se tenha dinheiro?
Por analogia: não seria esse tipo de mentalidade que muitas pessoas, incluindo pais e até avós, estariam incutindo em seus filhos e netos? Sem conhecer a verdadeira definição da LIBERDADE? Que tipo de reflexo isso causaria em nossa sociedade presente e futura? Talvez crianças, jovens e adultos que acreditam ser livres o bastante para ferir os colegas de escola, pessoas do seu convívio a seu bel-prazer? Ou para cometer violências que nem sequer imaginamos ainda? Em nome da “famosa" liberdade!
Devemos, sim, valorizar, divulgar e semear a liberdade, mas com a nítida e clara noção da RESPONSABILIDADE que ela traz consigo. Lembrando sempre de que o princípio da liberdade é um direito inalienável, mas também limitado, por fatores sócio-econômicos pela sociedade ao se tratar de nossa capacidade em exercitá-la. Antes de hastearmos novas bandeiras e de deflagrarmos novas batalhas, devemos primeiramente descobrir qual tipo de responsabilidade desejamos.
Nesse período de férias escolares, e tempo de escolha dos nossos representantes, não é interessante REFLETIRMOS sobre a definição de liberdade que nutrimos dentro de nós e que ensinamos a nossos descendentes? Nosso futuro não depende apenas dos nossos direitos, mas também do dever de responsabilizar-se pela nossa liberdade.


Que Deus nos guarde na palma de sua mão.
contato:serighelli@uol.com.br

quarta-feira, 4 de março de 2009

POR QUE O EXISTENCIALISMO DÁ TANTA IMPORTÂNCIA AO INDIVÍDUO?

Por Lislaine da Costa Carneiro

Com o surgimento das Grandes Guerras, a humanidade passou por um processo de profundas mudanças que influenciaram fortemente os grandes pensadores dos séculos XIX e XX.

Partindo do existencialismo, surge a ‘supervalorização’ dos ideais concernentes aos indivíduos, como a liberdade, responsabilidade e subjetividade, afirmando que a natureza do homem é humana, e não divina como acreditam os cristãos. Para os filósofos adeptos ao existencialismo, o homem ao nascer, ainda não está definido, é somente com a sua existência, que aos poucos, vai se tornando homem.
Com esse “poder de escolha” (liberdade), acarretam-se uma série de fatores que envolvem os valores humanos, pois a vida é uma série de escolhas que devemos sabiamente, ou não tomar. É aí que entra a tal da responsabilidade, dando razão ao famoso ditame popular: “cada um é responsável por seus atos”. Cabe somente ao homem, criar o próprio homem, sendo ele o responsável pelo resultado de sua invenção. Partindo dessa afirmação, Sartre diz:
O existencialismo declara frequentemente que o homem é angústia. Tal afirmação significa o seguinte: o homem que se engana e que se dá conta de que ele não é apenas aquele que escolheu ser, mas, também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua profunda e total responsabilidade. (SARTRE, 1987, p. 7)
A angústia citada no trecho acima, está umbilicalmente ligada à liberdade e a responsabilidade. A partir do momento em que o homem escolhe suas próprias decisões, se torna unicamente o responsável por elas. E essa angústia, é nada mais que o resultado (sentimento) do peso da responsabilidade (escolha). Com isso, o ser humano se encontra solitário, diante das diversidades que o rodeia, não podendo contar com ninguém, se não, com ele, caindo assim, no total desamparo.
Sartre ao afirmar que “somos nós mesmos que escolhemos nosso ser” (SARTRE, 1987, p. 12), suscita um novo tipo de sentimento, o desespero, pois como não existem verdades prontas, a insegurança toma conta das pessoas interferindo na vontade de agir por conta própria, interferindo no livre arbítrio dos indivíduos, pois o homem é fruto de suas próprias ações.
Partindo dessas premissas, o existencialismo está voltado inteiramente ao homem, dando um sentido à sua existência, incutindo-lhe valores e responsabilidades, gerando assim, a idéia de que qualquer ato ou ação humana, assim como suas consequências, depende exclusivamente dele, ou seja de sua existência.


REFERÊNCIAS

SERIGHELLI, V. O existencialismo e a figura de Sartre.

SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. 3º Ed. São Paulo, Nova Cultural, 1987.

FEMINISMO

Por Lislaine da Costa Carneiro

O feminismo é um movimento social, que visa o resgate da verdadeira identidade feminina, inserindo-a ativamente na sociedade, defendendo o direito e igualdades entre os sexos.
Desde a antiguidade a mulher era tratada como um ser inferior ao homem, não passando de um mero objeto para usufruto masculino, seu único e afortunado papel era apenas o “reprodutivo” com o intuito de gerar o maior número de filhos possíveis. “A mulher não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo àquilo que era diretamente ligado à subsistência do homem”.
A mulher grega não tinha acesso à formação intelectual, desde pequenas eram treinadas para a vida doméstica. Os casamentos, por sua vez, eram tratados como um negócio em que há uma mercadoria e um comprador. Muitas mulheres eram vendidas para seu futuro marido, estando ameaçadas de serem trocadas caso não satisfizessem as exigências de seu dono. Elas não possuíam direito algum sobre si próprio, e ainda assim deveriam submeter-se aos desejos e ordens do esposo, recebendo em troca de seus serviços casa, comida e proteção, asseguradas da antiquíssima crença de que o homem é o mais forte, portanto ele é o provedor e quem tem a autoridade máxima entre o casal.
Em Roma, também predominava a ideologia de que as mulheres eram inferiores aos homens, tendo que prestar legalmente essa “submissão” a outrem do sexo masculino, podendo ser seu pai, filho, irmão ou mesmo um tutor.
Durante a idade média, muitas mulheres sofreram terríveis consequências pelo simples fato de pertencerem ao sexo feminino. Elas continuavam dependentes dos homens e ainda consideradas inferiores em relação a eles.
A imagem feminina nessa época estava ligada à sensibilidade, fragilidade e luxúria. A própria igreja reforçava ainda mais esse tipo de pensamento, alguns teólogos chegavam a afirmar que as mulheres estariam relacionadas ao diabo, sendo seres desprovidos de alma e consideradas fonte inesgotável de pecado, servindo apenas como um medidor de fé para o homem. Elas são a s armadilhas que tentam o homem, incitando-o a pecar.
Eva foi a responsável pela queda do homem, sendo considerada, portanto ,a instigadora do mal. Esse estigma, que se propaga por todo o sexo feminino, vem a se traduzir na perseguição implacável ao corpo da mulher, tido como fonte de maléficos.
Com o monopólio do poder sobre o pensamento da sociedade pertencente à Idade Média, pela Igreja Católica, e a ação das grandes massas populares, muitas foram assassinadas cruelmente sob acusação de praticarem feitiçaria. Quando na verdade, possuíam apenas o conhecimento popular sobre as ervas naturais que julgavam curar certos males.
As perseguições às “bruxas” tinham como principal objetivo atingir diretamente o sexo feminino independente da condição social a que pertencia a herege. E consequentemente auto-afirmar o poder da Igreja, reprimindo ideias contrárias a esta, reforçando ainda mais,a inferioridade feminina em ralação ao sexo masculino.
Na alta idade Média, com o surgimento do feudalismo como sistema econômico vigente, surgiram nas oficinas dos feudos, as artesãs que trabalhavam nas fazendas fabricando os mais variados tipos de produtos considerados “viáveis” ao sexo feminino, como o tecido e o sabão. Mesmo assim, elas ainda viviam em confinamento doméstico, sendo ainda proibidas de desempenhar quaisquer atividades julgadas não compatíveis ao seu sexo.
A opinião e serviço desempenhado por essas trabalhadoras não eram valorizados perante os demais. Pois, a desvalorização do trabalho feminino, foi traduzida na atribuição de menor pagamento à mão de obra-feminia à masculina.
Em 1601 surgem as primeiras manifestações em prol do sexo feminino, com a publicação da obra A nobreza e a excelência da mulher, de Lucrécia Marinelli,, na qual defendia-se a igualdade entre todos na sociedade. Além de Moderata Fonte, Cristiane de Pisan também se manifestou defendendo o mesmo objetivo através da obra Cidade das Mulheres a qual não conseguiu defender o propósito da igualdade entre todos da sociedade, pois o livro não passava de vozes isoladas frente a uma sociedade machista, preconceituosa e temperamental.
Nem mesmo com a chegada do Iluminismo, marcando o período do predomínio da razão, com seu princípio de que os seres humanos deveriam ser considerados em sua personalidade, como seres individuais e não apenas como parte de um todo, a mulher conseguiu interagir livremente junto a sociedade, pois seus principais percussores como Kant, Montesquieu e Rousseau viam-na de acordo com como pessoas dotadas de uma razão inferior ou até mesmo, irracionais.
Essa crença de inferioridade era oriunda de sua natureza frágil devido à sensibilidade acentuada, intuição e imaginação. Por isso, jamais conseguiriam atingir o mesmo grau intelectual dos homens.
Foram muitos os séculos de opressão ao sexo feminino, sendo que entre eles, poucas mulheres manifestaram-se efetivo interesse na luta por seus direitos. Foi na França que o movimento feminista se consolidou, assumindo um discurso próprio, firmando a especificidade da luta da mulher. O silêncio predominante até então, é, finalmente rompido, com as mulheres se dirigindo às assembleias, reivindicando por mudanças no que diz respeito aos seus interesses. Nessa época, Olympe de Gouges publica a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã propondo em sua obra igualdade entre todos, incluindo homens e mulheres. Logo após sua publicação, as mulheres no geral sofreram grande repressão, pois tal obra fora considerada portadora de más intenções perante o parlamento francês. Foi nesse período que surgiram as famosas “ativistas”, mulheres que lutavam em prol dos direitos femininos indo contra a qualquer tipo de repressão e pensamentos até então predominantemente masculinos, que davam ao homem “direitos” sobre a mulher, como se ela não passasse de um mero objeto. Entre os principais objetivos das ativistas estava o de clarear as mentes femininas revelando-lhes a realidade machista a que vinham se submetendo há séculos, para isso, elas se organizavam em grupos e distribuíam folhetins com preciosas informações sobre a igualdade de direitos entre os dois sexos.
O trabalho das ativistas juntamente com o surgimento e fortalecimento do Capitalismo, como sistema econômico vigente da época, propagaram-se profundas mudanças no sistema social, político e econômico da sociedade europeia. A mulher ganha mais espaço, embora o pensamento ainda seja o mesmo. Devido à necessidade de mão-de-obra nas fábricas, os homens são obrigados a cederem espaço para as mulheres que passam a engajar-se no sistema econômico da época , trabalhando nas fábricas de produção.
Mesmo mostrando capacidade e aptidão para o trabalho duro, a mentalidade ainda continuava a mesma, elas eram vistas como seres inferiores, fracas, frágeis e, portanto dignas de salários menores que os recebidos pelos mesmos serviços realizados por alguém do sexo masculino.
A explicação para essa diferença de salário era a de que as mulheres provavelmente possuíam alguém, um homem, responsável por seu sustento. Porém, muitas dessas mulheres sustentavam sozinhas suas numerosas famílias com seu baixo salário, pois um grande número delas já eram viúvas, mães solteiras ou tinham seus maridos desempregados.
Terríveis violências contra seu sexo, como assédio e abusos sexuais da parte de seus patrões, eram comuns. Na tentativa de reverter esse quadro, não aceitando as miseráveis condições a que eram submetidas nas fábricas, algumas dessas mulheres se organizavam em pequenos grupos denominados revolucionários, com intuito de melhorar as condições dos trabalhadores de modo geral. O dia 08 de março, depois proclamado Dia Internacional da mulher, faz parte desta história e luta.
Com o surgimento da Primeira Guerra Mundial, valorizou-se ainda mais o papel da mulher no que se diz respeito ao mercado de trabalho, pois muitos dos homens partiram para a guerra, deixando seus lares nas mãos de esposas e filhas. Somente assim as mulheres conseguiram, temporariamente, mais espaço.
Com o fim da Guerra e retorno dos homens, as mulheres mais uma vez foram relegadas a um segundo plano, pois seus serviços já não eram mais necessários. Há também, a retomada daquela “velha ideia” de que a mulher deveria possuir um espaço menor na sociedade em relação aos homens. (inferioridade dos sexos), voltando então ao mesmo ponto de partida.
Após esse breve momento de uma suposta liberdade, várias mulheres começaram a se rebelar contra o sistema de uma maneira organizada, estudando com profundidade a causa feminina, e o que deveriam fazer para romper com os paradigmas pré-estabelecidos que as mantinham aprisionadas ao poder machista. Uma das maiores conquistas relacionadas a essa eterna luta, foi o direito ao voto, onde milhares de mulheres se sensibilizaram, tornando essa luta um dos maiores movimentos políticos de massa, de maior significação no século XX.
Buscando por esse horizonte de liberdade feminina que escritoras e estudiosas do sexo feminino, conhecidas como ‘feministas’ adotam a ideologia que legitima a diferenciação entre o papel masculino e feminino, reivindicando por igualdade em todos os níveis, dentro e fora de casa.
A menina, que desde a tenra idade, aprende a ser doce, meiga, sensível, obediente e comportada não teria mais a obrigação deste aprendizado, bem como o menino não teria de começara agir desde criança com o senso de competição e agressão aguçadas. Cada um dos representantes dos sexos masculino e feminino agiria conforme sua natureza e racionalidade próprias, essa é uma das principais ideologias do movimento feminista.
No âmbito profissional o movimento feminista tem colocado como bandeira de luta: -- para funções iguais, direitos iguais; igualdades de oportunidades no aceso ao mercado de trabalho a à ascensão a e aprimoramento profissional.
Atualmente, as adeptas do feminismo, possuem uma nova tática de luta, a reflexão. Cujo principal objetivo é conscientizar as mulheres de seus direitos, oferecendo suporte àquelas que sofrem de violência ou opressão doméstica, não deixando que elas fiquem caladas e passivas diante o sexo oposto, além de enclausuradas dentro de seu próprio sexo,. Afinal, somos seres humanos dotados de razão e personalidade independentemente da natureza (sexo).


REFERÊNCIAS:

AUAD, Daniela. Feminismo, que história é essa. São Paulo: ed. DP&A, 2003.