sábado, 29 de agosto de 2009

Ser

Lá fora, uma neblina fina consumia toda atmosfera, o céu estava encoberto por nuvens negras e carregadas, tudo parecia normal para uma triste noite de inverno. Mais adiante, um grito ensurdecedor estronda no ar gélido da madrugada. No apartamento 716, Artur acorda encharcado de suor, suas mãos estavam frias e trêmulas, seu coração batia descontroladamente, podia até sentir o sangue fluir em suas veias. Estava realmente assustado, já era a quinta vez no mesmo mês. Ainda deitado, permaneceu imóvel durante algumas horas, fitando o teto, tentando acreditar que tudo aquilo não passara de um sonho. Quando se deu conta, já era tarde, as horas já tinham sido evaporadas e toda sua força usurpada. Não conseguia nem ao menos se mexer. Tão logo, vultos estranhos se formavam diante de seus olhos, figuras estranhas surgiam misteriosamente no canto entre as paredes. Tomado por uma onda de terror e um sopro de epifânia, levantou depressa, atormentado. Em largas passadas dirigiu-se ao banheiro fracamente iluminado pelas frestas de luz vindas do corredor, ligou a torneira e durante um longo período, mirou-se em frente ao espelho, não via nada, a não ser a silhueta de um rosto fantasmagórico ofuscado pela ebriedade da vida. Era, como se estivesse para sempre, condenado a vagar e não existir.


By Bored Girrrl

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